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Luís Filipe Menezes ainda mexe e eu nem sei por onde começar. Talvez pelo fim: Luís Filipe Menezes diz, num e-mail enviado aos militantes sociais-democratas portuenses, que "não vai morrer" e eu fico confusa porque, primeiro, julgo que essa é a única certeza do mundo, mais dia menos dia, todos vamos falecer - os Gato Fedorento até fizeram uma música e tudo!, segundo, se o senhor se referia ao projecto que pensou para a cidade do Porto, fico ainda mais baralhada uma vez que, a 16 de outubro, renunciou ao mandato para o qual fez campanha durante toda uma vida.
Tive um punhado de momentos estupidamente felizes na minha e um deles foi no passado dia 29 de setembro. Senti-me vingada. Sem o saber, os portuenses vingaram todos os gaienses e estou-lhes imensamente grata. Reconheço que, numa vida passada, fui Menezista mas há muitos anos que me envergonho disso. Também eu me iludi com esta nova Gaia agora no mapa, bandeiras azuis a rodos, betão sem fim, equipamentos desportivos, eventos mediáticos, e tantas outras fanfarronices. Mas um dia, foi dia.
Luís Filipe Menezes culpa Rui Rio e Paulo Portas pela derrota do seu projecto e reconhece "responsabilidades pessoais" mas não diz quais e eu gostava mesmo de as ouvir. Será que reconhece que abandonou os gaienses nos últimos, vá!, quatro anos? Reconhecerá que, repetidamente, fez promessas atabalhoadas que nunca considerou cumprir? Será capaz de ver que o que Gaia precisava era de menos equipamentos desportivos, escolas forradas a granito mas, antes, mais trabalho para os gaienses? Compreenderá que nada justifica tanto endividamento? Lembrar-se-á que no último mandato nem tostões para comprar sinais de trânsito existia na câmara de Gaia? Todavia, a dias das eleições, não faltou novo betuminoso nas ruas, patelas nos passeios, flores nos jardins e um chorrilho de insultuosos pedidos de desculpas acompanhados de mais promessas atabalhoadas dos que lhe seguiram. Saberá, porventura, que os gaienses não são parvos e os portuenses não são cegos nem surdos?
Luís Filipe Menezes fez muito por Vila Nova de Gaia mas outros que o defendam porque a minha pequena vila sobre o Douro, excepção feita ao saneamento básico, não está lá muito melhor. Quase pior, tantos são os elefantes brancos, as obras inacabadas, os milhares muito mal gastos, e as decisões apressadas e erradas que gritam em cada esquina. Na minha terra, não há uma única obra acabada. A este cantinho do concelho o dinheiro, o entusiasmo e os projectos nunca verdadeiramente chegaram. Nem quando equipas apaixonadas, motivadas, esperançadas - e ingénuas! - venceram juntas de freguesia que sempre foram casa da oposição. Isso, também não foi suficiente.
Não revirem os olhos ao meu bairrismo ressabiado porque este é que é o país real. As freguesias, os seus buracos nas ruas e as conversas de merceria é que são o dia-a-dia das pessoas. O presidente de câmara é o decisor mais próximo das gentes e demorámos todos muito tempo a penalizar quem passou dezasseis anos a trabalhar para o outro lado do rio ver.