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A emergência das livrarias online e dos tablets, kindles e outras tecnologias veio mudar profundamente os hábitos de leitura. A internet facilitou muito o acesso à informação e a partilha de ideias. No reverso da medalha desta facilidade de acesso está naturalmente a sobrevivência das livrarias, grandes ou tradicionais e a discussão em torno da sobrevivência dos livros enquanto objeto.
Dê por onde der, os livros não vão desaparecer. Ocupam espaço, gastam papel, enchem-se de pó, ficam amarrotados, mas é a vida. A sustentabilidade do planeta não fica em causa por existirem livros e nada substitui a experiência de folhear um livro, de amarrotar as capas, de por vezes irritarmo-nos por saltarem as folhas. Nada substitui a possibilidade de sublinharmos com marcadores, esferográficas ou lápis os trechos que por uma razão ou por outra nos tocaram. Nada substitui o cheiro dos livros, aquele cheiro a papel por vezes fresco acabado de imprimir, por vezes velho, amarelento com aquele cheiro a livro-velho quase em decomposição que só os livros velhos, amarelentos e usados conseguem dar.
Há uns dias em conversa com um amigo, falávamos do vício de comprar livros. Lamentei-me contudo que a dificuldade, muitas vezes era conseguir lê-los, por falta de tempo quando existe vontade ou por falta de vontade quando existe tempo. Ele respondeu de forma simples: muitos dos livros não são para ler; compramos porque sabemos que um dia aquele livro vai ser útil ou importante por qualquer motivo.
Há livros que são para ler e para se arrumar, outros para ler e manter ao alcance da mão e do olhar para qualquer eventualidade, outros para ir lendo sempre que por algum motivo algo nos suscite o interesse.
A morte das livrarias não é um problema que afete só Portugal. Num interessante artigo da New Yorker fica claro que este problema também está a atacar as livrarias de Manhattan. E o artigo reza a certo ponto da seguinte forma:
Those of us who cherish our local bookstores do so not simply because they are convenient—how great to be able to run out for milk and also pick up the new Karl Ove Knausgaard!—but also because we feel a duty to support them, because we believe in their mission. When books can be bought so cheaply online, or at one of the dwindling number of discount retailers, paying more to shop at a local bookstore feels virtuous, like buying locally sourced organic vegetables, or checking to see if a T-shirt is made in the U.S.A.
Ler e comprar livros e frequentar as “mercearias de livros” é cada vez mais um ato exótico e de culto, cultivemos portanto este gosto visitando as livrarias das nossas cidades. Ficam aqui algumas sugestões interessantes para Lisboa:
Ler devagar – No Lx Factory www.lerdevagar.com
Alêtheia: na Rua do Século www.aletheia.pt/
Palavra de viajante: Na rua de São Bento, n.º 30 (ao pé do Mini-Preço) http://palavra-de-viajante.pt/
Ferin: na Rua Nova do Almada http://ferin.pt/