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Costuma dizer-se que o barato sai caro e na maioria das vezes esta é uma regra que se confirma na prática.

Há uns anos – no tempo da governação Sócrates - criou-se o sistema das portagens automáticas cujo funcionamento continua, ainda hoje e para muita gente, a ser uma verdadeira incógnita.

Presumo que uma das motivações que tenham estado por detrás da criação deste sistema que tem tanto de inovador como de aberração terá sido o de criar um sistema praticamente sem custos de funcionamento, nomeadamente através da desnecessidade de contratar pessoal.

Todavia este sistema ou funcionaria com eficácia para quem tivesse Via Verde ou então dependeria do pagamento a posteriori nos Correios (num sistema que não funciona eficientemente).

À parte destas questões, nunca se conseguiu responder muito bem à questão de saber como pagariam os estrangeiros que viajassem em Portugal.

Pois bem, não obstante ter sido criado o sistema de pagamento antecipado, parece que o viajante estrangeiro cedo percebeu qual a forma mais eficiente de viajar nas SCUT: Fazer de conta que são verdadeiras autoestradas sem custos para o utilizador e passar pelos portais sem se preocupar com o pagamento.

O resultado vem hoje no El País. Mais de 300.000 condutores foram notificados para pagar portagens que estavam em dívida desde 2009. O valor ainda é mais expressivo: são 80 Milhões de euros que estão em dívida só por condutores espanhóis. E ainda falta saber as outras nacionalidades.

Este é um rombo no sistema de portagens automáticas que num País sério levaria ao seu rápido abandono.

Resta agora saber como é que vão ser cobrados esses valores. Como é que – de forma eficiente – se vai cobrar os 80 milhões divididos por 300.000 utilizadores. Se a média de valores em dívida pro utilizador espanhol se situa em € 266,66, fácil será compreender que não compensará correr atrás do espanhol que não queira pagar voluntariamente.

Quando se trata de cidadãos estrangeiros de pouco serve um sistema de cobrança de portagens, que beneficia do sistema de cobrança coerciva das Finanças e partilha dos seus privilégios e prerrogativas não garantidas a qualquer outro cobrador.

Por outro lado, se o motor que se tem querido imprimir na economia portuguesa passa pela entrada de capital estrangeiro, seja através do investimento direto, das exportações ou do turismo dá que pensar esta ineficiência do sistema de cobrança de portagens.

Termino como comecei, o barato sai caro e neste particular é pena que o esforço financeiro esteja mais uma vez a ser exigido aos mesmos de sempre.

publicado às 14:06




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