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Vivemos, actualmente, num daqueles momentos históricos que ficam por décadas, por séculos e, quiçá, por milénios. Vejamos porquê.
A expressão “vitória de Pirro” surgiu por referência a uma vitória militar do Rei Pirro do Épiro na batalha de Ásculo, em 279 a.C., contra os Romanos. Diz-me que Pirro terá respondido a quem o felicitou pela vitória: "Mais uma vitória como esta, e estou perdido.".
António José Seguro, ao contrário de Pirro, não precisa de mais uma vitória como esta para estar perdido. Não haverá outra oportunidade para Seguro. Sabemos, todos, e sabe o Líder do PS, que já não existe politicamente, que este é o fim do seu consulado e é o fim de um PS extremista, populista, com um discurso desconexo e contraditório e que, fundamentalmente, não percebeu, em nenhum momento, como capitalizar o descontentamento popular que existe em várias franjas da população em resultado da acção do Governo da República.
Porém, o desastre de Seguro não se resume à noite eleitoral e às eleições europeias. Foi divulgada, no dia seguinte à noite eleitoral, uma sondagem realizada pela Intercampus/TVI, relativa ao estudo das intenções de voto em caso de eleições legislativas, que dá um empate técnico entre o PSD (não coligado com o CDS) e o PS, com uma diferença de apenas 0,4%.
Como se não bastasse, António Costa (no programa Quadratura do Circulo da SIC Notícias) e Mário Soares (em crónica publicada em 27 de Maio no DN) já vieram demarcar-se de forma clara da proclamação de vitória que, em desespero, António José Seguro resolveu comunicar ao País na noite eleitoral.
Porém, mais importante que a retórica gasta e inútil sobre quem ganhou ou perdeu as Eleições Europeias, o que é realmente relevante é a leitura que se consiga extrair destes resultados eleitorais. E essa leitura é clara: os Portugueses compreendem a necessidade do que tem sido realizado por este Governo. Compreendem que o País viveu, em 2011, uma situação de bancarrota iminente, com poucos meses de reservas de tesouraria para pagamento das diversas obrigações do Estado, nomeadamente, as de cariz social. Compreendem quem levou o País à bancarrota e porquê. Compreendem que para que se atinja níveis de bem-estar duradoiramente sustentáveis, o modelo de actividade económica não pode assentar na dependência do tecido empresarial do consumo ou investimento públicos, mas sim na inovação, no empreendedorismo e na atracção de talentos, de projectos e de investimentos estrangeiros numa lógica de concorrência global e num sector exportador forte. Compreendem que não podemos mais gastar o que não temos, comprar o que não podemos pagar, assumir responsabilidades e obrigações que não temos forma de cumprir.
Vivemos um período histórico, como comecei por dizer.
Histórico porque fundámos uma nova expressão: não mais diremos “vitória de Pirro”, mas sim “vitória de Seguro”. Uma vitória que, em si mesma, é a perdição do vencedor, da sua forma de fazer política, do seu discurso, das suas promessas irrealizáveis, da lógica da vitória eleitoral a todo o custo e do Orçamento de Estado ao serviço de um projecto económico condenado, à partida, ao fracasso.
Histórico porque os Portugueses claramente mostraram que estão disponíveis para mudar de paradigma económico e social, para se assumirem como povo que aparece de cabeça erguida face aos demais, competitivo e sem receio de caminhar na direcção de uma economia moderna, verdadeiramente geradora de riqueza, capaz de se afirmar com um sector exportador pujante e apto a constituir-se como polo aglutinador de investimento.
De facto, este socialismo que António José Seguro representa só “dura até acabar o dinheiro dos outros”.