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A emigração e os verdadeiros dramas de 2013

por Jorge Ribeiro Mendonça, em 30.12.13

Neste final de ano, a emigração está a aparecer como um dos acontecimentos de 2013. Apesar de - na minha opinião - ter marcado mais o ano de 2012 e 2011, é lembrada agora como facto de 2013 recauchutando-se este facto com relatos de dramas pessoais e tal.

Henrique Monteiro num artigo quase que pede desculpa por dizer que não é uma desgraça, concluindo por dizer preferir olhar para os nossos emigrantes como a prova de que o país continua, felizmente, a ter gente aventureira e capaz de correr riscos

Confesso que tenho alguma dificuldade em ver a emigração como um drama. Uma pessoa que vai à procura de trabalho noutras paragens é uma pessoa que luta e arrisca, quem sai da sua terra à procura de vida melhor tem ambição ou pelo menos o desejo de melhorar a sua condição. É difícil? Sem dúvida. É um problema para o País? É certo! É um drama? não é!

Nos anos 50 e 60 houve uma vaga de emigração de milhões de portugueses que quiseram um destino diferente e saíram do campo e vieram para as cidades em especial para Lisboa. Nos anos 60 muitos encontraram em França, no Luxemburgo ou na Suíça sítios melhores para encontrar sustento. Hoje possivelmente há mais facilidade em chegar a qualquer cidade no mundo do que era há 50 anos ir de Lisboa “à terra”. Isto para não falar das facilidades de comunicação com telefones, skype, Messenger a converter a distância em proximidade.

A história dos homens é feita desta constante procura de sustento, desta contínua procura de uma vida melhor, desta insatisfação com a sua condição, porque tantas vezes não se tem nada e quando não se tem nada não há nada perder.

Drama está em termos uma taxa de desemprego acima dos 17%. Drama está nos pobres, sejam novos, velhos ou envergonhados. Drama está nos indivíduos e famílias que trabalhando arduamente não conseguem sustentar um mês inteiro. Drama está naqueles que precisam de medicamentos e não têm como os pagar.

Falar de drama em quem sai do País para ganhar a vida é insultuoso.

 

Como nota final lanço uma sugestão: Neste tempo de Natal e de preparação do novo ano de 2014 devemos pensar qual a forma de vencermos os verdadeiros dramas que se agravaram em 2013. De que forma concreta posso eu, na minha circunstância usar os braços, a cabeça e os meus meios para que 2014 seja escrita de forma mais feliz.

 

Bom ano novo a todos.

publicado às 12:56

Racionalidade precisa-se

por Rui Lebreiro, em 25.12.13
Cavaco silva não enviou o orçamento de estado para o TC para fiscalização preventiva. E não enviou porque não podia enviar.
Notável para mim é constatar que há quem defenda que precisamente agora seria a altura certa para o PR optar por esta opção, nunca antes tomada, lançando o país numa senda de consequências imprevisíveis.
Defender essa opção é achar que o país podia na presente conjuntura ficar paralisado, em gestão corrente, durante semanas a fio, para não dizer meses. À velocidade que hoje o mundo se move, com a pressão que todos os dias os países fazem no sentido de marcar posições no xadrez global, desde logo os países emergentes, essa postura imobilista é muito perigosa e de quem ficou preso no tempo há décadas atrás.
E que imagem lançaria no mercado - o mercado a que continuamos a pedir dinheiro - um país em que o PR decide manifestar esse tipo de dúvidas fundamentais acerca do orçamento de estado do próximo ano, aprovado na assembleia da república, pondo o país em stand by?
Podemos ser mais próximos ou mais distantes da ideologia política subjacente ao OE em causa, mas racionalidade é devida a todos.
Acho até que o actual PR tem algumas limitações importantes no que respeita ao exercício do cargo, mas de falta deste poder pragmático de análise não pode ser acusado, e na minha opinião aqui decidiu bem.

publicado às 22:40

Um acordo que é só coisas boas

por Jorge Ribeiro Mendonça, em 19.12.13

O fecho de 2013 trouxe uma notícia estupenda: os partidos do Governo e o PS entenderam-se quanto à reforma do IRC.

Este acordo, como diz um anúncio que anda por aí, “é só coisas boas”.

  1. Redução do IRC: esta baixa de impostos dá uma folga às empresas e isso é bom. A necessidade que Portugal tem de gerar riqueza passa por aqui, passa por ter o Estado a sair da frente dos negócios, a libertar espaço para a circulação de dinheiro na economia. Empresas mais saudáveis, geram mais emprego.
  2. Previsibilidade: Um dos maiores problemas nas leis em Portugal é a falta de previsibilidade. Nunca se sabe se um regime jurídico é para ficar ou se vai ser reformado mal mude o Governo. Este é um problema que está a tornar-se endémico, uma vez que se gerou a cultura de que para se governar Portugal é preciso mudar as leis, nem que seja só “baralhando e voltando a dar”. Mas mais, a questão da previsibilidade é essencial nas leis fiscais. Um regime fiscal que não seja previsível não atrai investimento. No caso Português, para além da falta de previsibilidade tínhamos impostos altos. Mistura explosiva que afasta naturalmente os investidores.
  3. Cultura de negociação e acordos: a falta desta cultura está bem patente na forma como algumas notícias vieram dizer que neste acordo tinha havido cedências de parte a parte. Mas não é isto uma verdade de La Palisse? Qualquer negociação implica cedências de parte a parte, e apesar de no muito dos negócios e das empresas isso ser um adquirido incontestado, é algo pouco enraizado na cultura política. Fazer política é negociar e muitas vezes da negociação saem os resultados mais equilibrados em benefício de todos. É necessário abandonar de vez a cultura da imposição, a cultura onde o Governo não aceita negociar, onde a Oposição só faz bota-abaixo, onde os sindicatos se fecham nas suas posições de força.

Este acordo é uma machadada nesta cultura nada democrática, de imposição, de pouca negociação que é no campo político português transversal.

Há um brocardo na advocacia que diz “mais vale um mau acordo do que uma boa demanda”. Neste caso temos um bom acordo que põe de parte más demandas político-partidárias. E isto é, de facto, só coisas boas.

publicado às 10:33

Noves fora nada

por Marco Duarte, em 18.12.13

Uma evolução demográfica conhecida há mais 30 anos. Uma oferta de cursos e de formados a crescer em contra-ciclo e contra as previsões. Uma sociedade a empobrecer há mais de uma década. Recursos desperdiçados a que se seguem mais recursos em reciclagens ou subsídios. Uma classe que tem a responsabilidade do maior activo do futuro. Uma actividade onde o líder é o mais mal tratado e o que tem menos poder. Uma sociedade avessa à avaliação.  Uma avaliação medíocre que não tem função de avaliar. Um Estado onde a politica é cada vez mais decidida nos Tribunais. Um país onde não há respeito pelo Lei nem pela liberdade do próximo.

 

Foi, apenas, mais uma prova.

publicado às 23:48

KISS

por Rui Lebreiro, em 16.12.13
Coisas simples como olhar para o recibo de vencimento são hoje em dia ilustrativas do resultado deste governo Compliquex, o mais burocrático e tecnocrata das últimas décadas.
Alguém com dois-dedos-de-testa, leia-se com um pensamento racional, que caia de repente neste país e olhe para um documento destes, fica a pensar se somos todos malucos.
Indo direto ao assunto, as pessoas - os decisores - têm que ter consciência da magnitude das suas medidas.
Uma coisa é alta roda dos números, mas outra bem real é o dia a dia das pessoas e das empresas.
Medidas que custam z-e-r-o implementar, inerentes à otimização de procedimentos, à desburocratização dos serviços e à eliminação de redundâncias sem sentido existentes no sistema, estão postas de lado, lá para o fundo da gaveta.
A mudança de paradigma, o empreendedorismo, começa aqui.
Keep It Simple Stupid.

publicado às 19:37

Um dos argumentos que tem sido aventado contra o acordo ortográfico tem sido o “escândalo” de o Português de Portugal  se abrasileirar e que devia ser o contrário.

Este argumento padece de um grave tique arrogante e discriminatório que parte do entendimento de que o Português falado em Portugal (“PT-PT”) é mais correto do que o Português do Brasil (“PT-BR”) e que o Brasil não tem lições a dar a Portugal porque não saberá falar tão bem Português como os sapientes portugueses que há nove séculos que falam Português.

Nada mais errado!

Há nove séculos o que se falava por estas bandas está mais longe do Português atual do que o PT-PT está do PT-BR.

Aliás, provavelmente o PT-BR está mais fiel à língua que os Portugueses falavam quando andaram pelo Brasil do que o PT-PT está desse Português. Este é um movimento típico das línguas. Os povos de acolhimento de uma língua tendem a ser mais fiéis à língua recebida do que os povos de origem da língua.

Posto isto (e não me querendo alongar): o Português falado atualmente em Portugal é uma língua que tem sofrido mutações. Mutações essas que são muito expressivas quando andamos por zonas mais recônditas do País ou falamos com gente mais antiga.

Engraçado é notar que muitas expressões que caíram em desuso continuam a ser utilizadas no Brasil como expressões perfeitamente atuais e corriqueiras.

A opção agora é muito simples. Ou queremos fazer parte do barco em que está o Brasil e aceitamos que o nosso Português se aproxime do PT-BR ou escolhemos seguir o nosso caminho “orgulhosamente sós”.

No caminho do “orgulhosamente sós” teremos certamente uma língua totalmente distinta do que será o PT-BR ou o Brasileiro daqui a 50 ou 100 anos. Duas línguas que serão então tão distantes como é, hoje em dia, o Espanhol e o Português.

Eu prefiro seguirmos no mesmo navio do Brasil, e chamar para o barco Angola, Moçambique e todos os países de Língua Portuguesa. Eu prefiro que Portugal embarque numa viagem coletiva em que o Português se afirme como língua de negócios, língua relevante no concerto das nações.

Vem isto tudo a propósito da cerimónia de celebração de Nelson Mandela na qual Dilma Rousseff falou em Português. Ainda têm dúvidas sobre quem é que está a defender este património imaterial inestimável que é a Língua Portuguesa?

publicado às 11:32

Nelson Mandela: Luto Arco-Íris

por Jorge Ribeiro Mendonça, em 06.12.13

Não tenho muitas palavras ante o exemplo avassaladoramente inspirador de Nelson Mandela.

Uma das imagens que retenho de Nelson Mandela é a saída em glória da prisão e a sua aclamação popular. Em frente à televisão seguíamos com comoção todo aquele acontecimento, aquele sorriso inspirador de Mandela. A liberdade, a esperança e a igualdade venciam. Na altura não percebia quão significativo e revolucionário era aquele momento para a África do Sul, a por si chamada Nação Arco-Íris, mas também para toda a Humanidade. Naquele dia o meu pai explicou-me que Mandela tinha estado 27 anos preso só porque pensava diferente, só porque defendia a igualdade entre os homens independentemente da raça, porque na África do Sul os negros não tinham os mesmos direitos dos brancos. Aquele dia distante aconteceu em 11 de fevereiro de 1990; foi há tão pouco tempo.

Na hora de velar Nelson Mandela não há uma cor dominante, o luto só pode ter todas as cores do arco-íris e a esperança do sorriso aberto de Nelson Mandela.

publicado às 11:13

Ainda a propósito do Camarada Francisco

por Jorge Ribeiro Mendonça, em 04.12.13

Com mais brilhantismo do que eu, publicou João Miguel Tavares um artigo em sentido convergente com o meu post anterior, O Papa na Aula Magna. Cito uma parte para aguçar o interesse e seguirem o link:

"Portanto, convinha que estes novos franciscanos ateus não cortassem a mensagem do Papa às postas para ficarem só com a parte que lhes interessa. Porque quando Francisco diz que o problema maior da sociedade actual é a exclusão, e que os excluídos já nem sequer são explorados, porque se limitam a ser “resíduos” e “sobras”, ele não está imediatamente a pôr-se do lado de manifestantes e grevistas. Está a pôr-se muito mais abaixo, ao lado daqueles que nem roubados podem ser, porque já não têm nada. Infelizmente, nem sequer um sindicato."

publicado às 11:47

O Camarada Francisco

por Jorge Ribeiro Mendonça, em 02.12.13

Nos últimos dias tenho visto - com gosto - toda a gente a falar do Papa Francisco, entre os quais se incluem Mário Soares, Daniel Oliveira ou Francisco Louçã. Conversão espontânea ao Camarada Francisco?

Devemos ficar atentos às entrelinhas quando insuspeitos como os acima referidos vêm falar da hierarquia da Igreja. Acho sempre que há algo mais, como uma crítica ao sistema capitalista e consequente defesa de outros sistemas, ou eventualmente algo menos e circunstancial, como reduzir as declarações a uma tentativa de justificar o injustificável dito pelo agora ativista de extrema-esquerda Mário Soares. Mas gosto de ver e vou aceitar como adesão às palavras de Francisco.

O Fenómeno Francisco tem qualquer coisa extraordinária que nos deixa a todos cheios de espanto. Parece que pela primeira vez estamos a ouvir aquilo que Cristo disse há 2000 anos. Francisco traz uma brisa de novidade que brota de uma fé inabalável e de fundamentos teológicos profundíssimos.

O Camarada Francisco bate no sistema capitalista. Certo. Mas, não defende o caminho para o Socialismo. Bem lida a exortação apostólica, o que o Papa Francisco nos traz neste tempo de preparação para o Natal é um recentrar no essencial. Entre muito que fica dito afirma perentoriamente “o dinheiro deve servir, e não governar!” (sic) concluindo “exorto-vos a uma solidariedade desinteressada e a um regresso da economia  e das finanças a uma ética propícia ao ser humano.” 

Aponta ainda que “enquanto não se eliminar a exclusão e a desigualdade dentro da sociedade e entre os vários povos será impossível desarreigar a violência” é que sem igualdade de oportunidades, as várias formas de agressão e de guerra encontrarão um terreno fértil”.

A novidade de Francisco tem 2000 anos e tem vindo a ser densificada pelo menos desde a Encíclica Rerum Novarum, publicada em 1891 pelo Papa Leão XIII. A forma tão simples, direta e atual com que diz as coisas choca e impele à ação.

Bom podia estar aqui a fazer 79 páginas (o número de páginas da Exortação Evangelium Gaudium) de citações e outras tantas de comentários mas nada como ir à fonte, o que recomento vivamente. 

publicado às 23:11




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