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O Pedro é Primeiro-Ministro de um País simpático, à beira-mar plantado, solarengo nos Verão e brando nos invernos. Quando o Pedro chegou ao Governo, o referido país era um autêntico Lodo: falido, desmoralizado, humilhado e desprovido de soberania financeira.
O País, que tinha uma dívida pública relativamente controlada até 2005, entrou numa espiral de endividamento sobretudo a partir do ano de 2008, tendo a mesma crescido, até 2011, mais de 30%, atingindo, neste ano, o valor de 102% do PIB.
Porém, o País já se encontrava numa encruzilhada económica há muito mais tempo. Com crescimento anémico a partir do ano 2000, o endividamento serviu, ao longo de mais de uma década, para mascarar a ineficiência dos tecidos primário e industrial, cada vez mais irrelevantes na criação de riqueza.
O País estagnou economicamente mas o nível de de despesa do Estado foi aumentando de forma galopante, crescendo de 52.983,1 ME no ano 2000 para 84.422,7ME no ano de 2011. O nível de despesa em percentagem do PIB foi crescendo de forma insustentável na década de 2000.
À medida que a despesa do Estado cresceu em roda livre entre os anos 2000-2011, o crescimento económico médio entre os anos 2000-2011 foi de 0,78%.
Algum dia a “bolha” tinha que rebentar. E rebentou.
O que seria o ideal? O ideal seria podermos continuar a gastar em roda livre, despreocupados com a riqueza que produzimos. O ideal seria termos mecanismos monetários que permitissem que o ajustamento pudesse ser feito por essa via. O ideal seria que nos continuassem a emprestar dinheiro com base numa crença, que sucessivamente se renovaria, que seria desta que começaríamos a gastar e investir o dinheiro de quem nos empresta com base, exclusivamente, em critérios de eficiência económica e financeira. O ideal seria, no limite, que não fosse preciso dinheiro para pagarmos pensões, para mantermos a Administração Pública a funcionar, os hospitais, escolas, as forças se segurança, os aeroportos, os transportes… Podemos pensar em centenas de cenários ideais, sendo certo que o que realmente conta é a realidade.
E a realidade é só uma: o Estado gasta mais dinheiro do que aquele que provém das suas receitas. E fá-lo em doses cavalares. Os sucessivos deficits orçamentais têm sido o ópio dos vários Governos.Têm servido para mascarar uma realidade putrefacta de coma económico em que o País mergulhou desde, sensivelmente, o ano 2000.
É urgente inverter este rumo. Infelizmente, porém, e uma vez que não fomos capazes de inverter esse rumo por nós, por decisão nossa, por empreendimento nosso e por iniciativa nossa, temos quer o fazer sob a batuta (para não dizer o chicote) de quem está disponível para nos emprestar o dinheiro que permite manter o Estado e os serviços públicos mais básicos em funcionamento.
É o ideal? Não é, obviamente. Se tivéssemos feito o nosso ajustamento, poderíamos ter escolhido o calendário, o modo e estabelecido as prioridades em termos de decisão política estratégica. Não o fizemos. Perdemos, por isso, e por culpa própria, o direito de liderar esse processo.
E é assim que o Pedro chega ao Lodo. Um País falido, incapaz de entender verdadeiramente o que lhe havia acontecido e indisponível para fazer sacrifícios. Um País em que mais de 90% da despesa pública é corrente (salários, pensões e funções sociais do Estado) e em que espirrar é inconstitucional.
Este é contexto em que o Pedro aparece. E tem ajudado a conseguir alguns bons indicadores de um futuro melhor. Pela primeira vez, em muitos anos, nos anos de 2012 e seguintes a balança comercial tem registado um superavit, isto é, exporta-se mais do que se importa. Desde 2012 também o País tem conseguido um aumento muito significativo das exportações em valor absoluto e em percentagem do PIB.
Eu acredito que é por esta via que devemos ir: rigor nos gastos públicos; financiamento a ser canalizado para onde deve: para as empresas, para a sociedade e para pessoas, que são quem gera riqueza; um sector exportador assente no conhecimento, na ciência, na tecnologia e altamente competitivo em termos internacionais; um sector agrícola e industrial como motores do desenvolvimento; um ambiente de claro incentivo ao investimento, aos novos negócios e a novas ideias; um nível de consumo adequado à riqueza do país e não indutor de endividamento.
Apesar dos muitos erros que o Pedro tem cometido, a maioria dos quais de comunicação, sei que ele tem para o País uma ideia similar a esta. E acredito que todos juntos sairemos do Lodo em que em 2011 nos colocaram.