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O que vou escrever a seguir impedir-me-á de ganhar qualquer eleição futura mas esta é a minha convicção. Na minha terra há, pelos menos, vinte associações activas para dez mil habitantes. Só de teatro são quatro. De atletismo temos três. Na minha terra, e nas restantes, quando os dirigentes de uma associação discordam, não se candidatam às próximas eleições, criam uma nova. Estou a generalizar e a exagerar um bocadinho mas é, mais ou menos, isto. Conheço, no mínimo, duas mãos cheias de exemplos. Todas estas associações querem a sua sede, o seu auditório ou o seu complexo desportivo. Contra isso, nada. O problema começa quando estes dirigentes entendem que é dever do Estado subsidiar passatempos e escolhas privadas, tornando-se mais grave quando, fruto de poderes esquisitos, pressões variadas, trocas de favores e populismo puro o Estado concorda. O problema continua quando todo um país entende que é obrigação do Estado financiar tudo e mais alguma coisa. Fui dar uma grande volta para chegar à reportagem de ontem, da Ana Leal, e à chocante afirmação da Irmã Maria da Glória*, do Colégio Rainha Santa Isabel: "Os pais que querem ter os filhos numa escola privada têm o direito de o poder fazer sem olhar para o bolso.". Isto é tão errado e revoltante, a tantos níveis, que nem sei, mais uma vez, por onde começar, por isso, vou ser muito breve e deixo-vos com a reportagem que diz tudo. Não sem antes partilhar que, quanto às tarefas fundamentais do Estado, a Constituição da República Portuguesa assegura que, aquele, deve "Promover o bem-estar e a qualidade de vida do povo e a igualdade real entre os portugueses" e que "Todos têm direito à educação e à cultura." O Estado já assegura educação a todos. Chama-se Ensino Público.

 

*há outras afirmações, algumas ainda mais chocantes, de outros entrevistados, mas tudo na mesma linha de pensamento.

publicado às 16:07


6 comentários

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De Maria Araújo a 05.11.2013 às 21:06


Não vi a reportagem na TV, mas vi agora, toda.
Continuo a pensar que estes governantes fazem de nós parvos (o que não deixa de ser uma verdade).
Veja-se a infeliz declaração que o Ministro da Educação fez hoje sobre isto : "Imaginem o que é uma família ter que passar um ano inteiro a trabalhar sem comer".

Cumprimentos.
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De C. a 05.11.2013 às 22:44

A tentativa de parecer bem intencionada e protectora dos direitos (quais, não sei) dos paizinhos deste país, por si, já caiu mal, então conhecendo o absoluto elitismo que guia a senhora em questão... é de uma hipocrisia sem fim. Não sei se ria ou se chore.
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De Jorge Ribeiro Mendonça a 05.11.2013 às 22:58

Esta reportagem é tudo menos isenta! Como é que é possível 30 minutos em televisão a louvar uma visão ideológica tão marcada! O Sócrates está a rebolar de riso!

Os contratos de associação existem porque existiu a necessidade de dar ensino a alunos que não tinham escola pública disponível ou a sobrelotação de escolas públicas próximas. Pode haver casos em que os pressupostos mudaram, nomeadamente o facto de a taxa de natalidade estar a baixar para níveis baixíssimos.

Mais, os contratos de associação são mais baratos para o País do que as escolas públicas.

O estudo da Ministra Isabel Alçada estava cheia de razões ideológicas por trás. Na verdade, o que Sócrates e Isabel Alçada pretendiam é bem diferente, é acabar com os contratos de associação, porque através destes contratos há escolas que seguem orientações diferentes da orientação do Ministério da Educação, por exemplo por serem Católicas.

Lembro-me que um dos argumentos que a Isabel Alçada apresentou quando lançou esse "estudo" foi o de que o Estado não podia pagar os cavalos, as piscinas ou outras atividades extra-curriculares. Pois é. Mas não paga com os contratos de associação. O argumento da ex-ministra era uma falácia, mas fez escola, pelos vistos.

Deste uma boa dica para um post.

PS. O ministro Nuno Crato não disse que tínhamos de passar fome.


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De B. a 05.11.2013 às 23:40

Segue o teu caminho. :)
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De Rui Lebreiro a 22.11.2013 às 22:22

Percebo o principio de em teoria ser o de deixar as pessoas escolher público ou privado, mas devo dizer que tenho as maiores dúvidas da legitimidade deste financiamento.
É que, como dizes, com a diminuição dramática de procura das escolas face à questão da natalidade, o que acontecerá quando começarem a faltar alunos na escola pública? (se não estivermos já nessa situação)
O estado só pode/ deve financiar os privados quando não consegue ele próprio garantir esse serviço na escola pública, o que face ao referido acima é suposto estar cada vez mais longe de acontecer.
A ideia que tenho é que estamos a ir em contracorrente.
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De Mini_Saia a 06.11.2013 às 10:07

Infelizmente o Estado financia tudo o que não deve.
Estudei numa privada (ensino superior) mas paguei tudo do meu bolso. Não pedi nada a ninguém. Mas tive colegas que recebiam apoios do Estado, apesar de terem mais rendimentos do que eu.
Esta mentalidade de que o Estado Social é nosso "pai" irrita-me e é por pensarmos assim que nunca vamos sair deste buraco!
Quanto às Associações, veja quantas existem nos Açores, quais as suas competências e que verbas recebem do Governo Regional. É de chorar!

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